II- O SIGNIFICADO DO BATISMO
i- os contemporâneos de João Batista.
Depois que mostramos que o batismo de João tem sua origem nas purificações judaicas do Antigo Testamento, agora vamos determinar o que significava o batismo para as pessoas que iam ao seu encontro para serem batizadas
a) Leonhard Goppelt é enfático ao afirmar: “Sem dúvida, o batismo dos discípulos era como o de João, um batismo de arrependimento para a remissão dos pecados, isto é, um banho de água que purificava de tudo o que ocorrera até então e que propiciava perdão e arrependimento”.(1)
Werner Georg Kúmmel demonstra ter a mesma compreensão:
Contudo, pode-se dizer, com grande probabilidade, que o batismo era compreendido como um sacramento relacionado com o iminente juízo final, o qual equipava e purificava a pessoa que se arrependia e se deixava batizar por João, para que assim pudesse subsistir diante do juízo final.(2)
Além da opinião destes eminentes teólogos, F. F. Bruce, também faz uma observação muito própria aqui: “Ensinava João que o batismo era aceitável a Deus desde que lhe sujeitassem não com vistas à remissão de certos pecados apenas, mas à purificação do corpo, se a alma já estivesse purificada pela justiça”.(3)
b)Assim, a Teologia tem a compreensão de que era como um símbolo de purificação que os contemporâneos de João Batista entendiam o batismo. As pessoas iam até João porque viam no uso que o mesmo fazia da água um símbolo do lavamento de suas impurezas. Usavam a água cerimonialmente para se purificarem como os seus antepassados do Antigo Testamento sempre a usaram.
As escrituras têm um texto-chave para confirmar este entendimento, é o seguinte:
Depois disso Jesus foi com os seus discípulos para a terra da Judéia, onde passou algum tempo com eles e batizava. João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas, e o povo vinha para ser batizado. (Isto se deu antes de João ser preso.) Surgiu uma discussão entre alguns discípulos de João e um certo judeu, a respeito da purificação cerimonial (Jo. 3:22-25. NVI).
c) A passagem é clara e didática. O evangelista começa falando da atividade batismal paralela entre João e os discípulos de Jesus (22-14) (cf. Jo. 4: 1), em seguida ele diz que após observar João batizando, um judeu começou uma discussão sobre a purificação (25).
Você pode perguntar: Por que a discussão foi sobre a purificação, se o que o judeu observou foram os batismos? A resposta é lógica, João quer mostrar como os batismos observados por este judeu eram entendidos. Para este judeu o batismo que ele viu João praticando era uma cerimônia de purificação, assim como as cerimônias purificadoras que o povo judeu praticava já há tanto tempo, e que estavam prescritas na Lei de Moisés.
Alvah Hovey observa:
O judeu, fosse amigo ou inimigo de Jesus, sem dúvida havia se informado que as multidões estavam recebendo o batismo da parte do Senhor; e esta informação levou a uma discussão sobre a origem e a significação do rito como símbolo de purificação. Teria Jesus o mesmo que João, o direito de administrá-lo? Se era assim. Significaria o mesmo administrado por João quando era administrado por Jesus? Ou seria seu valor maior neste caso que naquele? (4)
É cristalina a compreensão dos contemporâneos de João Batista, segundo o texto analisado, do seu rito batismal como significando uma purificação simbólica. L. Berkhof também afirma que a idéia de purificação era algo pertinente a todos os batismos do Antigo Testamento, e também ao batismo de João. (5) João Batista não introduziu uma novidade no seu tempo, ele veio fazendo algo que os seus contemporâneos já praticavam e que continuaram interpretando como sinal de purificação. O batismo de João está, pois, na linha das purificações judaicas do Antigo Testamento, e era entendido assim na sociedade da época.
Continua...
NOTAS
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1) Teologia do Novo Testamento, p. 262 (Grifos dele sublinhados meus).
2) Síntese Teológica do Novo Testamento, 4ª ed. (São Paulo: Paulus/Teológica, 2003), p. 49 (Grifo meu).
3) Merece Confiança o Novo Testamento? 2ª Ed. (São Paulo: Vida Nova, 1990), p. 139.
4) O Evangelho Segundo João, 3ª ed. (El Paso: Casa Bautista de Publicaciones, 1973), p.142.
5) Teologia Sistemática, 3a ed. rev. (Grand Rapids: T.E.L.L., 1976), p. 751.
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