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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O  impacto social da reforma, uma reflexão para os nossos dias:



Tiago 2. 14-24

          Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? 15 Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano, 16 e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? 17 Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.18 Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé. 19 Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem. 20 Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante? 21 Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? 22 Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou, 23 e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus. 24 Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente. 25 De igual modo, não foi também justificada por obras a meretriz Raabe, quando acolheu os emissários e os fez partir por outro caminho? 26 Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta.
          Começamos com este texto para mostrar que a algo necessário para a Igreja militante executar aqui na terra, sabemos que a mais importante de todas elas é a verdadeira pregação do evangelho, mas não podemos negar o fato de que a uma necessidade na pratica das obras, de nos envolver positivamente na sociedade atual, vemos isso nos reformadores que citaremos logo mais. Veja o que nos diz a citação abaixo:
        Cada geração de cristãos deve ter o firme compromisso de basear sua fé somente na Palavra de Deus: “a igreja reformada deve estar sempre se reformando”. Este é um dos importantes princípios formulados pelos reformadores do século XVI, e nos ensina que a igreja não deve ficar inventando novidades, mas pregar e ensinar tão somente o puro e claro evangelho de Cristo. No dia 31 de outubro celebramos a data em que, em 1517, Martinho Lutero afixou na porta da Igreja do Castelo, em Wittemberg, suas famosas “95 Teses”, começando a Reforma Protestante. Só que ela não se restringiu apenas à Alemanha. E seu impacto também não se restringiu às grandes questões teológicas que estavam sendo debatidas, mas buscou de igual forma responder aos grandes problemas sociais daquela época.  (Franklin Ferreira)
         Pensando desta forma, propomos analisar alguns pensamentos reformados, ou de alguns reformadores e só assim fazermos uma comparação com as lutas da reforma e as nossas lutas hoje para descobrirmos se de fato o impacto social da reforma nos dias atuais ainda continuam vivos.


Impacto Social da Reforma

MARTINHO LUTERO


         Poucos se esforçaram mais que Martinho Lutero para diminuir o abismo entre a fé salvadora e a ação social. O desejo de agir em prol dos necessitados apareceu resumidamente nas “95 teses”, onde Lutero argumentou que é melhor dar aos pobres e emprestar às necessitadas que comprar indulgências. Esta medida serviu para providenciar uma verba para o sustento dos pobres e ao mesmo tempo estimular o envolvimento da população na assistência social em Wittemberg.
         A ênfase do entendimento social de Lutero era para que os necessitados fossem amparados. Para ele, o cristão justificado se torna livre para poder, através da fé, viver uma vida de serviço decorrente do amor a Deus. O crente justificado deve pensar como Lutero: “Me [entregarei] ao meu próximo como Cristo se ofereceu por mim; farei nada por meu próximo nesta vida senão o que reconheço como sendo necessário, edificador e saudável, porque pela fé gozo uma abundância de todas as coisas em Cristo”. A ação social é decorrente de uma mudança baseada na liberdade da justificação pela graça por meio da fé. O resultado será um novo compromisso moral com a sociedade.
          O exemplo que Lutero deixou é simples: o cristão deve viver uma vida onde seu amor por Deus seja espontâneo, não visando qualquer recompensa material ou espiritual, mas simplesmente com o objetivo de fazer a vontade de Deus, pois a vida cristã consiste “em tudo querer o que Deus quer, buscar a glória de Deus e nada desejar para si, pois é no cuidado pelos mais fracos e desamparados que Deus é glorificado”.




João Calvino


          João Calvino foi um dos mais notáveis reformadores, e a ação social estava entre as suas principais preocupações. Ele tinha como princípio básico nesta área que em Cristo não há mais nem escravos nem livres, pois nosso Senhor aboliu todas as divisões de classes. Isso significa que o cristão vive a fé autêntica quando encontra seus irmãos numa fraternidade que exclui toda discriminação. Calvino jamais estabeleceu uma conexão entre riqueza ou pobreza e o favor ou desfavor de Deus em relação a indivíduos. Antes, ele entendeu a riqueza e a pobreza como expressões do favor ou do julgamento de Deus sobre toda a comunidade, que então deveria redistribuir os seus recursos com vistas ao bem comum: “Por que é então que Deus permite a existência da pobreza aqui embaixo, a não ser porque ele deseja dar-nos ocasião para praticarmos o bem?” Conforme o reformador: “A vontade de Deus é que haja tal analogia e igualdade entre nós. Cada um socorra os indigentes na medida de suas possibilidades, a fim de que alguns não sofram necessidades enquanto outros têm em supérflua abundância”.
          A preocupação de Calvino de que a igreja tivesse esta prática fez com que ele recriasse o serviço diaconal. Mas ele sempre advertiu que todos os cristãos são responsáveis uns pelos outros.


O pensamento social de Calvino pode ser resumido assim:


1) É necessário começar por saber qual a atitude que o Senhor deseja que tenhamos diante dos bens materiais: quais os meios lícitos de ganhá-los e qual o seu uso adequado e legítimo;

2) Não devemos buscar os bens terrenos por cobiça. Se vivermos na pobreza, devemos suportá-la pacientemente; se tivermos riquezas, não devemos nos prender a elas nem confiar nelas, devendo estar dispostos a renunciá-las se isso convier a Deus. Tanto o possuir como o não possuir devem ser indiferentes e sem maior valor, considerando a bênção de Deus como maior do que todas as coisas, buscando o reino espiritual de Jesus Cristo sem nos envolvermos em ambições iníquas;

3) Trabalhemos honestamente para ganhar a vida. Recebamos nossos lucros como vindos das mãos de Deus. Não usemos de má fé para nos apossarmos dos bens dos outros, mas sirvamos ao próximo com consciência limpa. Que o fruto de nosso trabalho seja o salário.




O Impacto Educacional da reforma:
FILIPE MELANCHTHON
(Filipe Melancton)


Um dos mais importantes amigos e colaboradores de Lutero foi Filipe Melanchthon. Este erudito lançou os fundamentos da escola elementar popular. O que guiava sua perspectiva do ensino era que “alguns não ensinam absolutamente nada das Sagradas Escrituras; alguns não ensinam às crianças nada além das Sagradas Escrituras; ambos os quais não se deve tolerar”.
Em 1528, seus “Artigos de Visitação” para as escolas foram promulgados como lei na Saxônia, e sua obra como educador público passou a ser uma dimensão adicional em sua vida.
Ele propôs a divisão dos estudantes em três classes, divididas em faixas etárias. Na primeira divisão, as crianças estudavam o alfabeto, a oração do Pai Nosso e o Credo dos Apóstolos.
Na segunda divisão, eram estudados pelos adolescentes o Decálogo, o Credo e o Pai Nosso.
Os Salmos mais fáceis (112, 34, 128, 125, 133) deveriam ser decorados, assim como deveriam ser estudados o Evangelho de Mateus, as epístolas de Paulo a Timóteo, a primeira epístola de João e os Provérbios de Salomão. Tudo isto lado a lado com o estudo de física, lógica, gramática, moral e história.
No último nível (o equivalente à faculdade), os estudantes deveriam se dedicar ao latim, gramática, dialética, retórica, filosofia, matemática, física e ética. Aqueles que estavam sendo preparados para ensinar na igreja, além destas matérias deveriam aprender grego e hebraico, pois em seu entendimento, este conhecimento deveria servir ao estudo e pregação de um Evangelho puro.
            Melanchthon entendia que Cristo tinha colocado toda a cultura debaixo de Seu controle, acreditando que este entendimento impediria os cristãos de viverem vidas grosseiras, enquanto, ao mesmo tempo, os impediam de atribuir mais importância à cultura humana do que à fé cristã. A ruína das letras traz consigo a desolação de tudo o que é bom: a religião, os costumes, coisas divinas e coisas humanas. Quanto melhor é um homem, tanto maior é o ardor que tem por salvar as letras; porquanto sabe que das pestes a mais perniciosa é a ignorância. Uma escuridão terrível cairá em nossa sociedade, se o estudo das ciências for negligenciado”. Este ensino abrangente tinha por objetivo tornar os cristãos ativos no mundo, dissipando as trevas de uma fé corrompida e supersticiosa e da ignorância. Melanchthon tem sido considerado o fundador do ensino controlado e sustentado pelo Estado, tendo tirado as escolas do controle privado. Pelo menos cinqüenta e seis cidades procuraram sua ajuda na reforma de suas escolas. Ele ajudou a reformar oito universidades e a fundar outras quatro. Escreveu numerosos livros didáticos para uso nas escolas e, mais tarde, foi chamado o “Instrutor da Alemanha”.



CONCLUSÃO



À luz do contexto econômico que hoje vivemos e sua política de exclusão social precisamos nos perguntar em que sentido a teologia social dos reformadores acima citados poderia nos ajudar hoje, no Brasil, no nosso estado, na nossa cidade? Às vezes ficamos decepcionados com aqueles que são “nossos representantes evangélicos” que parecem desconhecer fatos como esse, e nos dão “esmolas” em troca de nosso apoio, e calados também ficamos. Com certeza a preocupação como o social e educacional surgiram nos pensamentos e ações de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, como é fato nos evangelhos, devemos usar os meios lícitos para protestar, advertir e resistir a injustiça social, usando sim a pregação da Palavra de Deus, para chamar ao arrependimento, governantes imorais e corruptos, ricos que oprimem as massas pobres, e pobres que não se dão a ocupação do trabalho, esperando em programas sociais que os torna ainda mais dependentes de um sistema opressor, em vez de encorajados ao trabalho como nos manda as Sagradas Escrituras. Sabendo sempre que a pregação do Evangelho não deve ser deixada de lado, e que jamais devemos crer e pregar que só obras são fundamentais para a fé cristã, pois é pela graça que somos salvos, simplesmente pelo dom gracioso de Deus derramado em nossas vidas (Efésios 2.8)  mas tanto obras como fé devem andar lado a lado enquanto aqui estivermos.


 Texto: Franklin Ferreira
Organização, Introdução e Conclusão:
 Pr. José Douglas Machado Marques
IEC Alagoa Grande - PB