AS
PRINCIPAIS CAUSAS DA REFORMA
498 ANOS
DA REFORMA PROTESTANTE
CAUSAS SÓCIO-ECONÔMICAS
A concepção teológica da igreja, desenvolvida durante o Período Medieval, estava adaptada ao sistema feudal, (O feudalismo é um sistema econômico, político e social fundamentado na propriedade sobre a terra. Esta pertence ao senhor feudal que cede uma porção dessa terra ao vassalo em troca de serviços ocasionando uma relação de dependência.) que se baseava na economia fechada e na auto-suficiência dos feudos, onde o comércio subsistia apenas como atividade marginal, ou seja, de importância secundária. Por isso, a teologia tradicional católica condenava a obtenção do lucro excessivo, da usura, nas operações de comércio, defendendo a prática do preço justo.
Com o início dos tempos modernos, desenvolveu-se a expansão marítima e comercial, e dentro desse novo contexto a moral econômica da Igreja começou a entrar em choque com a atividade da grande burguesia. Essa classe, empenhada em desenvolver ao máximo as atividades comerciais, sentia-se incomodada com as concepções tradicionais da Igreja, que taxava de pecado a busca impetuosa do lucro. Assim, essa burguesia começou a sentir necessidade de uma nova ética religiosa, mais adequada ao espírito do capitalismo comercial. Essa necessidade ideológica da burguesia foi satisfeita, em grande parte, com a ética protestante, que surgiria com a Reforma. Convém frisar, entretanto, que nem todos os líderes reformistas estavam dispostos a incentivar as práticas do capitalismo. É o caso, por exemplo, de Lutero, que condenava severamente o luxo e a usura, propondo para os cristãos um ideal de vida modesto, em que não existiria a ansiedade pelo lucro e a vaidade pelas riquezas materiais.
CAUSAS
POLÍTICAS
O século
XVI foi um período de fortalecimento das monarquias nacionais. A Igreja
Católica, com sede em Roma e falando latim, apresentava-se como instituição de
caráter universal, sendo um fator de unidade do mundo cristão. Essas noções, entretanto, perdiam força, na
medida em que os sentimentos nacionais desenvolviam-se com grande vigor. Cada
Estado, com sua monarquia, sua língua, seu povo e suas tradições, estava mais
interessado em autoafirmar-se enquanto nação do que em fazer parte de uma
cristandade obediente à Igreja. Opondo-se ao papado e ao comando
centralizador da Igreja Católica, a Reforma religiosa atendia aos anseios
nacionalistas, permitindo a autonomia de Igrejas nacionais.
CAUSAS RELIGIOSAS
Um clima
de reflexão crítica e de inquietação espiritual espalhou-se entre diversos
cristãos europeus. Com a utilização da
imprensa, aumentou o número de exemplares da Bíblia disponíveis aos estudiosos.
A divulgação da Bíblia e de outras obras religiosas contribuiu para a formação
de uma vontade mais pessoal de entender as verdades divinas, sem a
intermediação dos padres. Desse novo espírito de interiorização e
individualização da religião, que levou ao livre exame das Escrituras, surgiram
diferentes interpretações da doutrina cristã. Nesse sentido, podemos citar, por exemplo, uma corrente religiosa que,
buscando apoio na obra de Santo Agostinho, afirmava que a salvação do homem
somente era alcançada pela fé. Essas idéias opunham-se à posição oficial da
Igreja, baseada em Santo Tomás de Aquino, pela qual a salvação do homem era
alcançada pela fé e pelas boas obras.
Analisando o comportamento do clero, esses cristãos passaram a condenar energicamente uma série de abusos e de corrupções que estavam sendo praticados. O alto clero de Roma estimulava inúmeros negócios envolvendo a religião, como, por exemplo, o comércio de relíquias sagradas espinhos que coroaram a fronte de Cristo, panos que embeberam o sangue de seu rosto, objetos pessoais dos Santos etc. Além do comércio de relíquias sagradas, a Igreja passou a vender indulgências, isto é, o perdão dos pecados. Assim, mediante certo pagamento destinado a financiar obras da Igreja, os fiéis poderiam comprar a sua salvação.
No plano moral, a situação de inúmeros membros da Igreja também era lastimável, sendo o objeto de várias críticas. Multiplicavam-se os casos de padres envolvidos em escândalos amorosos, de monges que viviam bêbados como vagabundos e de bispos que somente acumulavam riquezas pessoais, vendiam os sacramentos e pouco se importavam com a religião.